Mesmo em cargo comissionado, muita gente entra em rachadinha sem nem saber. No setor onde trabalho, teve uma secretária comissionada que dizia ganhar 1.500 reais. Achei estranho, porque o salário normal do cargo era 3.000, mas deixei quieto. Só muito tempo depois descobri o que tinha acontecido: no dia da contratação, enfiaram um monte de papéis pra ela assinar, levaram ela no banco pra abrir uma conta, e ela nunca teve acesso à conta onde o salário real caía. Ela simplesmente não sabia que estava no meio de uma rachadinha.
No caso específico, não era “roubo” no sentido clássico, mas ainda era desvio de finalidade: pegaram parte do salário dela pra bancar um funcionário extra. Ela concorria a um emprego, entrou, trabalhava direitinho dentro das limitações dela, e não fazia ideia do que estava acontecendo.
Minha conclusão: mesmo quem aparece como “participante” de rachadinha não é necessariamente culpado. Na maioria das vezes, a pessoa só precisa do emprego e acaba sendo usada como qualquer outro peão do sistema.
Claro, se alguém entra no esquema de propósito, oferece parte do salário ou procura cargo já sabendo da troca, aí é outra história. Mas, na prática, a maior parte desse pessoal nem sabe que existe algo ilegal ou imoral por trás da contratação.
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Replies (2)
Que situação. Ela poderia até ser prejudicada por isso. Talvez a pessoa confie em quem a contratou, mas precisa ser mais atenta.
Como eu disse, ela não era a bolacha mais esperta do pacote. E muita gente não tem a formação/conhecimento necessários pra perceber que há algo errado. A pessoa nunca teve conta em banco antes, nunca teve emprego formal, não tem nenhuma referência para saber que há algo diferente ou suspeito.