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Um exemplo de Lost Media que me interessou e me impactou? Alguns anos atrás ouvi falar dela em canais do YouTube: diziam que estava perdida desde os anos 80. Foi a primeira vez que me interessei pelo assunto de mídias perdidas. Em 2007, um usuário publicou em vários sites uma gravação independente em fita cassete de uma rádio (se não me engano, feita dentro de um carro) que tocou essa música, apelidada de "Like the wind" por causa de um trecho. Essa era a tal "música mais misteriosa da internet", de 1984. https://video.nostr.build/0a8f9fa334482524e23c29f34700204d081c2f56f6585e9415af034d259fa276.mp4 O apelido veio de um brasileiro chamado Gabriel. Em 2019, já meio esquecida e sem avanço nas descobertas, ele começou a postar em mais de 40 subreddits para atrair atenção e pedir ajuda pra identificar banda e música. E eu estava lá, acompanhando. Alguns sugeriam que a voz era de um tal Alvin Dean, vocalista da banda Statues in Motion, que teria desaparecido nos anos 2000. image image Desde 2007 havia comparações de vozes, vídeos longos explicando a investigação e muita especulação — era algo procurado há muito tempo. https://video.nostr.build/7c9fbc2e082e8438c6188291cb986548916169976f3f66c64ba1dca299441942.mp4 (Alvin Dean cantando) image Felizmente, no ano passado as coisas ficaram mais claras. A rádio onde a música tocou era a NDR, que em setembro de 1984 fez um evento para revelar bandas independentes em ascensão chamado Hor Fest. Um usuário do Reddit vasculhou arquivos e jornais da época, pesquisou o evento e encontrou uma banda chamada FEX, vencedora de uma competição em setembro de 1984. image Na descrição da banda dizia que tinham sonoridade rock com influências new wave e pop. Ele também achou um nome ligado à banda que já havia visto no tal Hor Fest, conseguiu contato com esse integrante e pediu que liberassem as músicas da FEX. Ao ouvir as demos, bingo: image https://video.nostr.build/895490f6aca1a5e0bb2df439abf4df1101c011a8516b3179aae73fd659533086.mp4 A música era da FEX e se chamava "Subways of Your Mind". Os integrantes reapareceram quando perceberam que estavam sendo procurados e lançaram o álbum completo, incluindo duas versões dessa faixa — uma delas a gravação que tocou na rádio nos anos 80. image O que aconteceu com a banda que mais se acreditava ser a verdadeira? Ela se desfez algum tempo depois, mas o maior mistério era o tal vocalista Alvin Dean. Houve um esforço enorme da comunidade de Lost Media: tentativas de contato via Facebook, telefone, criação de um e‑mail para quem tivesse informações, procura de imagens e, claro, a busca por Alvin Dean — cuja voz era idêntica à da gravação da rádio. Descobriu‑se que o nome real dele era George Dalambiras. Segundo um dos integrantes da Statues in Motion, ele perdeu contato com os amigos da banda na Grécia no início dos anos 90. Quando a FEX se revelou, muitos comemoraram, mas ainda pairava a dúvida sobre o que havia acontecido com George. Entre os investigadores mais próximos, já circulava o boato de que ele teria morrido, e isso acabou se confirmando. Isso aqui é uma atualização traduzida de um dos principais usuários do Reddit que acompanhou a investigação sobre George: "Recentemente, o TMW (u/The_Material_Witness) recebeu uma informação confiável indicando que George poderia estar falecido. Apesar de essa possibilidade ser extremamente provável, uma investigação adicional era necessária para confirmação final. Desde então, fomos colocados em contato com vários associados de George que compartilharam lembranças e admiração por seu talento. É com pesar que anunciamos a morte de George." image Embora seja uma notícia triste, o legado de George não foi esquecido. Os herdeiros legais não tinham ideia da popularidade recente dele. Ele havia expressado frustração com a Statues in Motion e pelo fracasso comercial, mas nunca parou de fazer música. Estão sendo procuradas mais de 20 horas de fitas de 1" que ele produziu sozinho. image Ele havia pedido que essas gravações fossem lançadas após sua morte, mas circunstâncias impediram isso na época. Agora, o TMW e colaboradores estão ajudando a cumprir esse desejo. Alguns dizem que o sucesso que George buscou na vida finalmente chegou — e que ele deve estar olhando de cima, sorrindo. Descanse em paz." Infelizmente, ele faleceu em dezembro de 2005, em Melbourne, Austrália, sendo descrito apenas como um "incidente", sem detalhes públicos. R.I.P image https://video.nostr.build/de4e6e3a027b2a5b91105a7bb14ad95c6336ac11746e739d82f6ea028060f7a0.mp4 The Man In Black - Statues in Motion image A internet é uma coisa bem recente na história humana, e é óbvio que ela não conseguiu, nem vai conseguir preservar tudo o que já aconteceu. Eu não vivi os anos 80, 90 ou 2000, mas essas épocas pré e início da internet é onde mais existem essas mídias perdidas, tanto relacionadas a internet, e outras que podem ser achadas por meio ou contribuição dela. Talvez, um CD perdido, uma fita cassete parcialmente corrompida, algum backup sem nome, um site que ninguém nunca mais viu, mas se lembra de como era, ou tem boas lembranças, filmes, músicas nunca mais encontrados, e outras coisas, tudo isso pode esconder histórias como essa, e é isso que eu procuro. Lost medias são fascinantes.
2025-11-15 00:22:25 from 1 relay(s) ↑ Parent 3 replies ↓ Reply
Realmente interessante. Talvez a curiosidade e fascinação venham justamente pela raridade que a falta de informações, de arquivos ou mesmo apenas a falta de popularidade provoca nos assuntos. Se torna bastante underground e criando um apelo investigativo. Lembro, por exemplo, de um jogo de computador bastante simples que eu jogava na escola com colegas. Nós não sabíamos quase nada de inglês e chamávamos o jogo de 'caverna perigosa', com o passar do tempo relembrava dele e pesquisava 'dangerous cave', mas não encontrava... Até usar a IA para isso e ela dar o nome. O nome do jogo é Dangerous Dave, do mesmo criador de Doom e Wolfenstein 3D, um jogo que se baseava fortemente em Super Mario, mas de forma mais sombria, cavernosa, cheia de passagens secretas e, ao menos no protagonista, mais americanizada kk Não lembro se mais coisas assim que me marcaram aconteceram, geralmente sei ou encontro elas com certa facilidade.
2025-11-15 00:46:17 from 1 relay(s) ↑ Parent 1 replies ↓ Reply
História curiosa e interessante. Gostei do som desses caras, é bem do tipo que vc curte, né? É curioso ver alguém novo que se interesse por um estilo que está fora de moda ou apenas sobrevive em alguns nichos underground. Eu já tive muito interesse por bootlegs, gravações não oficiais de apresentações de bandas que eu gosto. Hoje quase todos os shows de bandas são documentados, mas nos 1980 não era assim. Teve muita apresentação memorável e músicas com arranjos únicos que ficariam perdidas na memória dos espectadores se não fossem gravações piratas.
2025-11-15 03:45:14 from 1 relay(s) ↑ Parent 1 replies ↓ Reply
Eu canso de ver esse tipo de coisa: Pessoas contando histórias na aba de comentários. Um amigo de infância que morreu, escutava aquela música, e a pessoa comenta lá apenas pra dizer que sente saudades e explana as lembranças. Momentos da infância que ficaram marcados por causa daquele som. Pai com alzheimer que escutava tal música, a pessoa comenta sobre como aquilo a leva de volta pros bons tempos com o pai. Alguém que escutou aquilo uma vez, e depois de 4, 5, 10, 15 anos achou aquela música. Eu não sei bem o que define ou forma um gosto musical. É certo que músicas e coisas antigas tem sua beleza, mas provavelmente eu nunca me interessaria se não houvessem ganchos. Artistas da geração Z que criam músicas baseadas no Synthwave, YouTubers que falam de coisas antigas, memes e tópicos sobre nostalgia, tudo isso em algum momento me foi recomendado na For You, e acabei gostando. Fora de moda? Tudo ficará fora de moda, até começar a haver ciclos e repetições. E essas gravações perdidas é o tipo de coisa de me dá curiosidade. Talvez nem seja uma banda ou músicas que eu vá gostar, mas o sensação de perda e mistério é forte. Talvez seja só uma gravação, mas pode haver uma história incrível por trás, ou um sentimento/significado enorme pra quem viveu aquilo. O que me fascina é isso: o há por trás de uma simples música, objeto velho, lugar abandonado, e essas coisas. O tempo amplifica sensações.
2025-11-15 04:32:21 from 1 relay(s) ↑ Parent 2 replies ↓ Reply
São esses e outros motivos. Mas é bem próximo do que você disse. A raridade e mistério sempre atraem atenção, ainda mais quando se junta com a sensação de perda. Algumas mídias perdidas podem estar bem preservadas, nas mãos de pessoas cuidadosaa, outras podem estar em HDs se deteriorando aos poucos. Pessoas, músicas, objetos, momentos só morrem quando são totalmente esquecidos, e mídias perdidas são aquelas que estão no corredor da morte, cabe a quem quiser, tentar salvá-las.
2025-11-15 04:40:16 from 1 relay(s) ↑ Parent Reply
Eu também tinha muito interesse por objetos antigos e lugares abandonados quando era jovem. Até hoje gosto, porém não tanto quanto antes. Quando criança, gostava de comprar revistas em quadrinhos antigas em sebos, ver fotografias antigas de parentes que nunca conheci em álbuns de família, ler revistas antigas, comprar jogos antigos e visitar prédios antigos. Gostava de sentir uma conexão com uma época em que eu nem existia. Acredito que conforme vamos envelhecendo, criamos nossas próprias memórias do passado e então não precisamos mais de memórias de terceiros. Nunca conheci ninguém na minha juventude que gostasse dessas coisas anacrônicas que remetem a histórias e sensações de outros tempos. Vc é uma jovem muito peculiar. Deus te guarde assim. "Saves" de jogos eletrônicos também são um tipo de lost mídia. Uma das lost mídias mais singulares que existem. Vc gosta de jogos eletrônicos? Dá uma sensação estranha quando vc pega um memory card de um jogo que vc jogou muitos anos atrás contendo um "save state" que te permite voltar ao ponto onde parou. Tem uma história famosa de um filho que achou o videogame do pai falecido com um "save" dele, como conta esse cara: https://www.youtube.com/shorts/vhEQhYDwH6A Na verdade, pelo que eu sei, o filho conseguiu ser melhor que o pai na pista do jogo e toda vez que ele chegaria na frente, ele freava metros antes da chegada para não apagar a memória do pai.
2025-11-15 16:04:08 from 1 relay(s) ↑ Parent 1 replies ↓ Reply
Tem um filme que retrata bem como a memória é a forma que temos para vencer o tempo e reviver sentimentos e situações que já não existem mais. Se vc curte a estética noir ou cyberpunk, talvez vc ache interessante o filme "Blade Runner 1982". Ele traz a história de replicantes, seres humanos gerados já adultos em laboratório. Os replicantes não possuem memórias verdadeiras, apenas memórias falsas que são implantadas na mente deles, pois descobriu-se que eles tornam-se perturbados quando descobrem que seu passado é falso. Além da estética e trilha sonora que eu adoro, o filme traz no enredo questões filosóficas e psicológicas interessantes. https://www.youtube.com/watch?v=ZVD28yXOZtE
2025-11-15 16:43:22 from 1 relay(s) ↑ Parent 1 replies ↓ Reply
Conheço essa história, se não me engano foi a primeira relacionada a jogos que eu lembro nesse assunto. Eu jogava bastante, principalmente na pandemia, hoje nem tanto, era mais pra distrair e falar com os amigos, mas sei como é recuperar um save antigo de um game e trazer tantas lembranças. Eu não sei exatamente se sou "peculiar" no sentido de gostar de coisas antigas "Porque sim". Talvez o fato de eu ter poucos amigos, me distanciado deles por ter avançado umas séries, e a pandemia que me fez ficar quase 1 ano e meio sem aula, isso pode ter criado um certo "vazio". Não que eu viva sozinha, ou sem amigos, mas sou um pouco solitária quando se trata de conversas menos macaquísticas. Hoje estou aqui, conversando no Nostr com alguém desconhecido, que pode ter 2, 3 vezes a minha idade, sobre um assunto até que profundo, sem problemas, mas fora daqui ninguém me leva a sério, nem adulto, nem colega de sala, às vezes nem meus amigos. Existem certas válvulas de escape de valem a pena, ao menos pra não enlouquecer. Se você hoje tem boas lembranças o bastante pra "não precisar" dessas histórias, que bom. Eu imagino que quanto mais se envelhece, mais momentos nostálgicos vem, se for isso, acho que mesmo assim ainda vou gostar desses assuntos. Cada tem uma história, e sempre vale a pena conhecer, deve haver algo interessante e valioso no meio.
2025-11-16 00:10:58 from 1 relay(s) ↑ Parent 1 replies ↓ Reply
Minha vó tinha 5 fotos da infância, iam na cidade de vestido novo pra posar pro fotografo em batismo, 1a comunhao, e aniversarios de casamento redondos, era caro. Guardava junto com as joias. Minha mãe, dezenas, ja era mais barato. Bem guardadinhas em envelopes e albuns grossos. Muitas com anotações de data e local no verso. Tenho centenas, maquinas pessoais já existiam, meu pai foi o 1o da familia a comprar. Organizadas em álbuns proprios, protegidos com plastico, bem guardadas até hoje. Molecada hj tem dezenas de milhares. Uma tia jovem tirou literalmente 400 fotos do mesaniversario de 6 meses da minha afilhada pra escolher as melhores depois. Mas e qdo crescerem? Receio que alguns cheguem a idade adulta com muito pouco. "meu HD externo de backup pifou (não duram pra sempre)" "vovó nao sabia fazer backup" "celular do pai foi roubado" "a tia deixou de pagar a a conta da cloud..." "esqueci de fazer backup qdo troquei de laptop" "faltou espaço na conta do google" "aquela impressa em sulfite? joguei fora, não tem digital?" "apaguei sem querer, filha." "ih... da muito trabalho organizar, deletei tudo velho..." quem souber se organizar em cloud/gdrive/onedrive etc tera vantagem nisso. nevent1qqsdjlgsxkqcfjzxf3zxc8efs9zlp79rj8quwa6dekamk9t28677asqgzzwry
2025-11-16 00:46:52 from 1 relay(s) ↑ Parent 1 replies ↓ Reply
Ninguém te leva a sério fora no Nostr porque as pessoas costumeiramente enxergam e avaliam primeiramente os símbolos de cultura, poder, influência e riqueza nas pessoas. E é difícil uma pessoa jovem ostentar algum destes símbolos. E as pessoas em geral prestam mais atenção no mensageiro do que na mensagem. Já no Nostr estes símbolos não valem nada. O que conta é a afinidade de ideias que pode tanto conectar-me a pessoas jovens como vc e a pessoas maduras como o Hertu.
2025-11-16 01:45:19 from 1 relay(s) ↑ Parent 1 replies ↓ Reply
É estranho pensar que mais de 99,99% das pessoas que já existiram nunca foram registradas em fotos, artes, muito menos vídeos, e hoje é algo fútil, que qualquer lugar há alguém registrando tudo ao redor. E mesmo assim, ainda estamos em uma época onde partes de uma geração inteira também não tem esses registros, ou tem poucos exemplares.
2025-11-16 04:04:47 from 1 relay(s) ↑ Parent Reply
A música estava numa plataforma brasileira que não dava pra baixar, depois eu consegui encontrar no MySpace
2025-11-20 17:20:28 from 1 relay(s) ↑ Parent Reply