"Além da família, também outras sociedades intermédias desenvolvem funções primárias e constróem específicas redes de solidariedade. Estas, de facto, maturam como comunidades reais de pessoas e dinamizam o tecido social, impedindo-o de cair no anonimato e na massificação, infelizmente frequente na sociedade moderna. É na múltipla actuação de relações que vive a pessoa e cresce a «subjectividade» da sociedade. O indivíduo é hoje muitas vezes sufocado entre os dois pólos: o Estado e o mercado. Às vezes dá a impressão de que ele existe apenas como produtor e consumidor de mercadorias ou então como objecto da administração do Estado, esquecendo-se que a convivência entre os homens não se reduz ao mercado nem ao Estado, já que a pessoa possui em si mesma um valor singular, ao qual devem servir o Estado e o mercado. O homem é, acima de tudo, um ser que procura a verdade e se esforça por vivê-la e aprofundá-la num diálogo contínuo que envolve as gerações passadas e as futuras."
CARTA ENCÍCLICA
CENTESIMUS ANNUS
DO SUMO PONTÍFICE
JOÃO PAULO II
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"O indivíduo é hoje muitas vezes sufocado entre os dois pólos: o Estado e o mercado"
Bem aquilo que estávamos conversando outro dia, não?
Dificilmente vemos um posicionamento claro da Igreja sobre doutrinas econômicas ou políticas, porém críticas são feitas a todos que retirem do homem seu propósito neste mundo e o afaste de sua relação com o divino. No caso da Rerum Novarum, a crítica foi à industrialização da sociedade e à mecanização da vida do homem.
Não sei se houve algum tipo de influência da encíclica na obra do Ortega y Gasset, mas o conceito de "homem massa" conversa muito com esta encíclica.
A outra parte não deixa dúvidas:
"...total redução do homem à esfera do económico e da satisfação das necessidades materiais."
Isso que a Igreja condena.